Arquitetura Nômade: Rio 2016 o legado Olímpico

O que é a Arquitetura Nômade?
Essa denominação vem da própria palavra nômade, que significa o povo que não tem moradia fixa e se desloca constantemente de lugar. A arquitetura nômade não é diferente, os edifícios são montados, utilizados, depois desmontados e reaproveitados para outros fins.

A organização da Rio 2016 se planejou para fazer as coisas de forma diferente. Em um plano bastante ousado, que o Presidente do Comitê Olímpico, Carlos Nuzman, chama de “arquitetura nômade”, alguns dos locais são modulares e podem ser desmontados e reconstruídos em outros lugares para se transformarem em escolas e centros comunitários.

O conceito de arquitetura nômade norteou a construção de algumas instalações esportivas, tendo como princípio a relação de custo-benefício da arena. Isso foi pensado não apenas para o momento de levantar a obra, mas também com a manutenção que cada local precisa ter no futuro. A ideia era manter apenas as arenas que tivessem um uso efetivo após os Jogos.

A maior preocupação dos organizadores era evitar o chamado elefante branco, ou seja, uma instalação que tivesse uso em 2016, mas depois ficasse ociosa. Os dois exemplos mais emblemáticos são a Arena do Futuro, que vai virar quatro escolas depois dos Jogos, e o Estádio Aquático, que se transformará em dois centros de treinamento com piscinas em lugares diferentes.

  • ARENA DO FUTURO
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Sede das partidas de handebol e de golbol, na Olimpíada e na Paralimpíada, respectivamente, a Arena do Futuro foi pensada de modo que a montagem e a desmontagem fossem simples e ela pudesse se transformar em escolas depois dos Jogos.

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A fachada da instalação esportiva, por exemplo, será a mesma da escola. Ela também terá os frisos que permitem a entrada de luz natural e ventilação, proporcionando um conforto térmico melhor. O telhado também será reutilizado, pois as oito placas pré-moldadas serão levadas para outros lugares e farão a cobertura das quatro escolas. Até as vigas metálicas vão para as escolas, para dar suporte ao telhado. O mesmo procedimento terão as rampas e escadas pré-moldadas. Na Arena do Futuro e nas escolas, elas vão servir para ajudar nos acessos e na circulação das pessoas. As paredes também serão aproveitadas, pois são parafusadas e encaixadas, facilitando a remoção.

Um dos poucos itens que não ficarão de legado para as escolas são as cadeiras das arquibancadas. Os 12 mil assentos de plástico serão alugados para os Jogos Olímpicos e depois serão devolvidos ao fornecedor. Mas a estrutura metálica da arquibancada poderá ser enviada às escolas, por ser pré-moldada, encaixada e parafusada.

O LEGADO

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  • 4 escolas
  • 500 alunos por escola
  • R$ 25.7 mi para desmontagem

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  • Refeitório
  • Estacionamento
  • Biblioteca
  • Auditório
  • 17 salas de aula
  • Cozinha
  • Banheiros
  • Ar-condicionado
  • Quadra poliesportiva coberta com arquibancada

As quatro escolas que serão construídas no bairro de  de Jacarepaguá, Barra e São Cristóvão com a estrutura da Arena do Futuro serão para 500 alunos e terão 17 salas de aula cada.  Os ambientes serão adequados a um projeto de ensino de ponta, pois contempla sala multiúso e de informática, biblioteca e quadra poliesportiva coberta com arquibancada, entre outras instalações. Os equipamentos de ar-condicionado da Arena do Futuro serão instalados lá.

  • ESTÁDIO AQUÁTICO

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Palco de uma das principais competições da Olimpíada, o Estádio Aquático também foi projetado de maneira a se transformar em dois centros de treinamento com piscina olímpica para depois dos Jogos do Rio, no próximo ano. Na competição, a sede da natação e polo aquático terá duas piscinas, sendo uma de aquecimento, feitas pela empresa Myrtha, especializada no assunto e que fez as piscinas do Mundial de Esportes Aquáticos, em Kazan, na Rússia.

Além do projeto inovador, a fachada também chama a atenção. Ela permite a entrada de ventilação natural e com isso não será necessário utilizar equipamentos de ar-condicionado no interior do prédio.

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Outra característica marcante do estádio será o desenho na parte externa. A fachada vai reproduzir a obra da artista plástica Adriana Varejão intitulada “Celacanto produz maremoto”, um trabalho em gesso e óleo que está exposto em Inhotim (Minas Gerais). A obra de 2008 lembra os azulejos portugueses e foi inspirada em pichações de muros.

O LEGADO:

 

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COM COBERTURA: 6 MIL LUGARES
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SEM COBERTURA: 3 MIL LUGARES

Ainda não está definido para onde vão os dois centros de treinamento que surgirão depois da desmontagem do Estádio Aquático. Mas existem vários municípios, até em outras regiões do Brasil, que gostariam de receber uma piscina olímpica de 50 metros. O desmembramento da arena se transformará em um CT coberto, com capacidade para seis mil pessoas, e outro descoberto, com metade dos lugares.

 

Fonte: Hypeness; Infográficos Estadão; Sustentarqui; AECOM